Eu havia apagado esse post por ser, depois me dei conta, a síntese da arte do meu preciosismo. Mas o Shoichi achou ótimo. Além do mais, como diria Thich Nhat Hanh, que oportunidade para reconhecer, aceitar, acolher mesmo o que em mim não me agrada: Bonjour, préciosité!
Falemos então do guarda-chuva Burberry – esse objeto que não apenas abracadabra apareceu. Ele é o aperfeiçoamento do “telhado portátil” criado há cerca de quatro mil anos na Mesopotâmia para proteger nobres e governantes do sol. Yada yada yada viajantes europeus nos séculos 17 e 18 encantaram-se com aquele objeto que vários povos asiáticos da Rota da Seda usavam para proteger-se do sol – e, impermeabilizado com cera, para proteger-se da chuva. Levada à Europa, a sombrinha foi logo adotada pelas mulheres. Mas e o guarda-chuva?
Entre 1750 e 1780 o inglês Jonas Hanway foi objeto de rejeição e chacota por usar um guarda-chuva em Londres. Os puritanos consideravam-no frívolo; os condutores de charrete-táxi acusavam-no de conspirar para o fim do seu ofício. Mas o mundo dá as suas voltas e – supresa! – os britânicos apropriaram-se daquele objeto asiático, emprestaram-lhe um nome latino e incorreto (umbrella vem do latim umbella, pequena sombra – é a sombrinha!) e o tornaram quintessentially British.
Thomas Burberry e a sua Burberry, dois quintessential Brits desde 1856, trataram de colocar uma marca, um logo e um xadrezinho no forro dos guarda-chuvas de sua produção. E, reconheçamos, deram no guarda-chuva um banho de tecnologia. Fizeram (ou copiaram quem fez) com que ele abrisse e fechasse com rapidez, que resistisse à ferrugem e ao mofo, que não desbotasse, que secasse de imediato, que não machucasse outros transeuntes, que resistisse a ventos fortes, que quando aberto protegesse um adulto, e que quando fechado tivesse 20 cm e pesasse 200 gramas. E então lhe deram um banho de desmaterialização. Não importa do que é feito, ou onde é feito: Um guarda-chuva Burberry conecta-nos com a hip Britain.
By George!
Um guarda-chuva Burberry não é só a síntese elegante e portátil da arte milenar de proteger-se do sol e da chuva: Ele é também a síntese da arte de me fazer acreditar que um mero objeto é um ícone!
sábado, 2 de fevereiro de 2008
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Um comentário:
eu não poderia ter um desses, sempre perco o meu guarda-chuva..
adorei o post!
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