segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

ELLA, ELLA, Ê, Ê, Ê 6

Primeira versão postada em 7/2/2007, AI, AI, AI, AI

Há cerca de quinze anos reconciliei-me com a chuva. Foi quando comecei a usar lentes de contato e a ter maior sensibilidade para a poluição da cidade. Até então eu não gostava de chuva. Melhor: Eu já gostava de (amava!) barulho de chuva – e alguém não ama? E já amava ver, da janela, a chuva bater no asfalto – parecia-me bailarinas movendo-se erraticamente. Mas não gostava de, estando na rua, lidar com a chuva. Cresci na cidade, ao som de “por favor chuva ruim, não molhe mais o meu amor assim”, doutrinada a identificar tempo ruim com tempo chuvoso.

Mas há reconciliação e reconciliação. Há cerca de cinco anos passei a amar a chuva, a amar tomar banho de chuva.

No Guardiões do Cerrado tomei uns banhos de chuva como os banhos de chuva devem ser, no meio do mato, desses que lavam o corpo e a alma – uma mikva.

2 comentários:

Anônimo disse...

Lúcia, você traduziu bem a sensação de um paulistano em um dia de chuva. Este ano, meu aniversário foi nun dia desses...parece que o dia homonageou meu estado de espírito. Estava nublado e chovendo, mas me trouxe paz. Eu adoro o que você escreve! Sou sua fã! Beijos. Karina Nóbrega.

Alberto Pereira Jr. disse...

quando escolhemos tomar um banho de chuva é ótimo, mas quando somos pegos desprevenidos em pleno dia útil aí não há beleza e nostalgia que resista...