Sinto muito por todas as pessoas que tiveram sua vida sexual invadida por paparazzi ou pela publicação, sabe-se lá como, de fotos ou vídeos feitos para uso pessoal. Daniela Cicarelli, Tato Malzoni, Paris Hilton, seu ex-namorado (ele foi vítima ou réu nessa estória?), Vanessa Hudgens, Pamela Anderson, Tommy Lee. Sinto muito – mas talvez não o suficiente para abster-me de dar uma olhadinha nessas imagens.
Pois é, Fabiano. Ter ido até Beverly Hills e reparado nos leitores ávidos por fofocas ajudou-me a enxergar o que sempre esteve aqui: A leitora ávida por fofocas em mim. Melhor: A voyeur ávida por fofocas em mim. Não sou o tipo de voyeur que vai atrás da publicação ou do vídeo com essas imagens, que vai até um sex shop ou mesmo até uma banca de jornal. Não. Minha curiosidade não é suficientemente grande para disparar esse movimento todo. Mas no conforto da minha casa, é-me difícil deixar de googlar três ou quatro palavras e – voilà! – ter a minha fração de entretenimento às custas da privacidade alheia.
Mas esse mea-culpa agora por que?
Porque ontem não deixei de googlar Kristin Davis nude e – voilà! – ter a minha fração de entretenimento às custas da privacidade de Ms. Davis. Não da princesa episcopal Charlotte York de Sex and the City, mas da atriz scandal-free, ela mesma: Fotos NSFW tiradas por um namorado em 1992 espalharam-se na internet durante o último fim de semana.
Há um segundo aprendizado aqui, e esse eu vou transcrever do Page Six: “YOUNG women should be very, very careful about not letting nude photographs of themselves leave their hands”. Women and men of all ages, eu diria.
E há, talvez, um terceiro aprendizado aqui – um que ouvi pela primeira vez em Mad About You, mas que parece pertencer a um filme de Woody Allen: Na vida real, ninguém é lindo fazendo sexo. Refiro-me à perspectiva de quem só vê, claro. Por seis temporadas, vimos cenas de sexo das protagonistas de Sex and the City – hey, it’s Sex and the City. E ainda que o sexo reservado à personagem de Ms. Davis fosse mais engraçado e tolo do que, er, sensual (o ménage à trois onde ela se viu excluída, o vício pelo Rabbit, o chef pâtissier que é, er, a gay straight man, o marido com problemas de impotência e ejaculação precoce e preferência por thrill sex), Ms. Davis always looked jolly good on screen. Mas não na vida real. Eu até diria que essas fotos dão um novo significado ao acrônimo NSFW: Not Safe For Ms. Davis' Work as an actress. (Ouch! Pois é, Fabiano: Eis o Perez Hilton em mim.) E essa é uma mulher que em 2006, aos 41 anos, foi eleita a mais bonita do mundo pela revista feminina britânica Eve. (Mm, eu e Lord Herbert teríamos votado em Aishwarya Rai.) E essa é uma mulher que nunca saiu da Top 99 Women do portal masculino AskMen.
E há, parece-me, a confirmação de um quarto aprendizado aqui. Um aprendizado que esta blogueira soube desde sempre – ou ao menos desde que assistiu ao lindo La Nuit Américaine, de François Truffaut: O cinema pode transformar qualquer realidade. E não falo de grandes efeitos especiais. Busquei a cena da noite americana ela mesma, da técnica de iluminação e filtragem usada para fazer com que uma imagem filmada durante o dia fique, na tela, com cara de noturna. Não achei. Mas essas imagens aqui, ao som de Grand Choral de Georges Delerue, onde o personagem de M Truffaut aparece ajeitando com precisão o rosto e as mãos da personagem de Jacqueline Bisset, essas imagens ilustram lindamente o que falo. Há um bocado disso, estou certa, no sexo na sétima arte.
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5 comentários:
E certa vez eu conversanco com alguma amigas mulheres descobri que todas já tinham tirados fotos em ação, e até algumas filmagens!
É realmente uma coisa que achava que não tão comum! Será que só eu no mundo não tatuaria o nome/rosto de alguem no meu corpo e tiraria fotos eu filmaria cenas assim?
Easy, girl! Bisbilhotar a vida alheia acho que já faz parte da natureza humana nesses nossos tempos loucos em que somos monitorizados a todo tempo, por câmaras de segurança, pelo celular, no computador, pelos nossos queridos porteiros, pelos vizinhos de plantão na janela... Foi-se a época em que interessava apenas às nossas mães nosso paradeiro... E, olhar de vez em quando, apenas para matar aquela pontinha de curiosidade que nos alfineta de leve, não mata ninguém! E, se te interessa, não vou goglar as fotos da Kristin... Deixe que os fofoqueiros o façam, rsrsrs!!! Beijos e obrigado pela lembrança!
Eu achei esse post um tanto quanto lesbian chic =)
Respostas:
salut, stefanio!
que inteligentíssimo você ter correlacionado esses filmes e fotos caseiros, rs, com as tatuagens em homenagem ao amado: ambos requerem entrega e crença na eternidade do relacionamento.
eu queria ter maior capacidade de entrega a um relacionamento, sim. mas quanto à crença na eternidade do relacionamento... não tenho e não quero ter. minha crença é na impermanência de tudo, inclusive na impermanência de relacionamentos. (bom, não creio na impermanência de tatuagens: existe o divórcio para desfazer um casamento – mas ainda não se inventou um método para apagar por completo uma tatuagem.)
será que dá para conciliar capacidade de entrega a um relacionamento e crença na impermanência do relacionamento? talvez sim. como naquela poesia do vinicius – que seja eterno enquanto dure.
salut, fabiano!
pois é: dou as minhas bisbilhotadas... mas não gosto nada de ser monitorada ou de ver a minha vida bisbilhotada!
mas será? e este blog, meu perfil no orkut, meu perfil no facebook? há muito de exibicionismo nisso, hein?
talvez funcione assim: quando blog, orkut e facebook revelam aquilo de que me orgulho... i’m bonding. quando blog, orkut e facebook revelam aquilo de que me envergonho... minha privacidade foi devastada! :-/
salut, doutor alexandre! caramba..! e não é que ficou com um je ne sais quoi du lesbian chic? adoro...
mas Lu, é impossível não parar 5 minutos e gogglar esses "escândalos".. é irresistível.. e devo confessar q senti vergonha alheia.. como sinto em todas essas histórias.. mas abrando no quesito beleza... hj a miss Charlotte está bem melhor do que em 199...
beijaoo
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