terça-feira, 29 de abril de 2008

TODO O PODER AOS GENEROSOS

Fabiano, se você estiver na costa noroeste dos Estados Unidos e do Canadá, entre Oregon e Alasca, e for convidado para um potlach em uma comunidade indígena, não se preocupe em levar um presente. Preocupe-se, sim, em como trazer para o Brasil todos os seus presentes. Explico: Depois de entretê-los (os convidados) com gastronomia, música e dança, o homenageado distribuirá todos os seus bens entre vocês. E se houver rivais do homenageado entre os convidados, é possível que ele, o homenageado, destrua parte de seus bens.

Os praticantes do potlach não acumulam riqueza? Acumulam, sim. E a custo de muito trabalho – eles não são a cigarra da fábula de Esopo. Mas acumulam riqueza tão-somente para, em seguida, distribuí-la, presenteá-la, desfazer-se dela – eles não são a formiga da fábula de Esopo. Na época de ouro do comércio de pele de animais, a riqueza era tanta, e o potlach era tão suntuoso e extravagante, que os governos dos Estados Unidos e do Canadá chegaram a proibí-lo. Sim: No mundo protestante de austeridade e parcimônia, o potlach é uma perda irracional de recursos.

Por que todo esse desprendimento, todo esse presentear, toda essa generosidade? Tudo isso, intuo, revela uma fé absoluta na abundância do universo, no Deus-dará, na força da comunidade – o que, por si só, deve ser uma libertação, uma leveza, um luxo.

Mas para antropólogos (e alguns economistas), o potlach é uma manifestação típica daquilo que chamam de economia do presente. Na economia do presente, bens e serviços circulam sem um acordo explícito de pagamento imediato ou futuro: A dádiva gera recompensas sociais ou intangíveis como o karma, a honra, a lealdade, a gratidão. O potlach, para os seus praticantes, é a medida de status social: Aqueles com mais prestígio ou poder num clã ou numa tribo não são os que têm mais riqueza – mas sim os que se desprendem mais dessa riqueza, os que presenteiam mais, os que são mais generosos.

Fabiano, já na costa sudeste do Brasil, em São Paulo, a celebração do meu aniversário – se a celebração do meu aniversário fosse um potlach, esta blogueira teria sido destituída de qualquer prestígio ou poder. Já a minha família e os meus amigos, eles estariam num grande empate técnico: Foram muitos os presentes, foram muitos os bens e serviços que circularam. A todos os que me presentearam no meu aniversário – para me ater à blogosfera, o Carioca Virtual e o BHY –, a vocês todo o prestígio, o poder, o karma, a honra, a minha lealdade e a minha gratidão!

quarta-feira, 16 de abril de 2008

DE TOLERANTIA

Sou um pouco como naquela canção do Sam Cooke: Don’t know much about geography, don’t know much biology. Sei ainda menos sobre a teoria dos redutos, como a chamam os geógrafos, ou dos refúgios, como preferem os biólogos. A última vez em que olhei temas desse universo com rigor foi nos anos 80, quando traduzi o livro Biologia da Poluição.

Mas nasci e cresci entre cientistas. E conheço o geógrafo Aziz Ab’Saber para saber, como naquela canção do Spandau Ballet, to know this much is true: Ele é uma das pessoas mais éticas e lúcidas do país. É verdade que sou suspeita. Respeito e admiro o professor Aziz não só como homem público (o cientista, o professor, o cidadão) mas também como amigo: Os laços que unem o meu pai ao Professor Aziz, e a minha família aos Ab’Saber, são a própria definição de philia.

Também respeito e admiro o zoólogo e compositor Paulo Emílio Vanzolini, inclusive na esfera pessoal. Até os meus vinte e poucos anos, fomos vizinhos. Vizinhos de fundo. E convivi muito com os seus filhos Fernanda e Toni.

Portanto, lendo a matéria de Eduardo Geraque na Folha de São Paulo, sinto-me diante de algum tipo de erro. Alguém, e de alguma forma, cometeu um erro de discernimento ou de comunicação. E diante do que leio, eis o meu discernimento: Não, o Professor Aziz não está “nessa fase de invenção, de dizer que ele descobriu a teoria dos refúgios”, tampouco ele “colocou isso na internet”.

Como já lhes contei, procuro ser tolerante diante de certos erros de discernimento ou de comunicação – inclusive quando sou objeto desses erros. Por exemplo, também já lhes contei, quando alguém usa palavras duras como frivolidade, hipocrisia ou burrice para se referir à minha escolha de dieta vegetariana. Esclarecer-me, justificar-me, defender-me muitas vezes não vale a pena: Deixe que esses erros evanesçam. Assim é se lhe parece, diria Luigi Pirandello. Cada um pensa como pode, diria Mário Quintana.

Mas a tolerância só é uma virtude, diria André Comte-Sponville, se acompanhada de limite. E uma sugestão de apropriação indevida de tese científica, em letra impressa – no meu discernimento, aqui o limite foi ultrapassado. E, diante disso, são precisos uma retificação e um pedido de desculpas ao Professor Aziz. Não dá para fazer por menos.

E enquanto não acho (melhor: não procuro) a fotografia do meu pai com um filhote de onça no colo, a bordo de um navio numa expedição no Rio Amazonas, ilustro este post com outra foto dele – aqui no III Seminário Sobre a Realidade Amazônica. Tratei de colocar-lhe um papagaio no antebraço. Não sei se chega a causar um estranhamento, um ostranenie, como numa foto de Juergen Teller. Mas que ficou fofo, ficou.


HE’S TOTALLY LIP-SYNCHING!
Papagaio! Por Herbert Richers e a sua descendência! Esse vídeo do Spandau Ballet para True é o pior lip-synching da história das imagens! É ainda pior, Too-tsie, do que Britney Spears em Gimme More nos VMAs. É alguma brincadeira que eu não consigo entender? Se fosse Laurie Anderson ou David Byrne, eu diria que se trata de uma proposta de estranhamento. Mas aqui – está parecendo negligência, imprudência ou imperícia mesmo.

sábado, 12 de abril de 2008

O BEIJO

Esse beijo estampado, parede a parede, na estação de metrô Vila Madalena, no anúncio do novo filme de Wong Kar Wai, esse beijo que tem algo daquele de Gustav Klimt, apenas os rostos e as mãos visíveis, os restos dos corpos mesclados, fundidos, como que no mito de Aristófanes, esse beijo que me faz parar, olhar e desejar ficar ali bem mais – elegi esse beijo de Jude Law e Norah Jones na estação de metrô Vila Madalena a experiência urbana mais deliciosa da minha semana.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

LENDO IMAGENS

No doubt everyone has seen Victoria Beckham in the Marc Jacobs ads. Bom, ao menos um desses anúncios. E, bom, algumas pessoas, como esta blogueira, não tinham idéia de que as pernas que saem de uma enorme bolsa (uma sacola, das de compras) na qual se vê C JAC, e que nossos olhos lêem Marc Jacobs, os pés com sapatos cujos saltos estão no antepé, e não no calcanhar – de que essas pernas eram da Posh Spice. A mulher mais fotografada do mundo, que aprendemos a ver montadérrima e fazendo carão, aqui se permite ser retratada um pouco fora de controle, um pouco feia, um pouco desajeitada, um pouco pastelão.

Uma imagem fala por mil palavras. Mas será? Tantas imagens ao nosso redor, tantas delas de coisas ou pessoas que nos são tão familiares, tendem a automatizar o nosso olhar. Diante de uma imagem de Ms. Beckham, por exemplo, o cérebro desta blogueira está programado não para olhar, mas para sentenciar. E não em mil palavras, mas em três. Ela está bonita. Ela está feia. Ela está magra.

Mas ver Ms. Beckham um pouco fora de controle, um pouco feia, um pouco desajeitada, um pouco pastelão – isso nos desperta um certo estranhamento, provoca-nos um segundo olhar. Agora aquilo que me é familiar deixa-me maravilhada, instigada, curiosa. Não é mais "ela está bonita?" (e a sua resposta binária, sim ou não), mas "o que acontece aqui?" – e a sua resposta cheia de possibilidades.

Essa descoberta, de que eu olho o que me é familiar com automatismo – mas posso olhá-lo com o maravilhamento, a instigação e a curiosidade daquilo que me é novo, essa descoberta já é muita coisa. Mas esta blogueira adora ir além, adora saber what’s behind the scenes.

Mas saber what’s behind the scenes não é (re)transformar o estranhamento em familiaridade ou mesmo banalização? Não é substituir uma mágica por um truque? E quando esse behind the scenes se revela por palavras? Ler sobre imagens não é, parafraseando Steve Martin, como dançar sobre arquitetura?

Não para mim – pelo menos não por ora. As mil palavras de Cathy Horin sobre a colaboração entre Marc Jacobs e o fotógrafo Juergen Teller – mais: sobre o diálogo entre a publicidade e a arte –, essas mil palavras educam, apuram o meu olhar. E deixam-me, diante dessas imagens que provocam um segundo olhar, e uma pergunta diferente da banalidade do "ela está bonita?", deixam-me ainda mais maravilhada, instigada, curiosa.



Para ver as tais fotografias:
Entre no site do Marc Jacobs
Clique em MARC JACOBS COLLECTIONS
Clique em ADS
Clique em cada um dos anúncios para ver o próximo

segunda-feira, 7 de abril de 2008

FAZENDO AMOR

Sobre ações amorosas, 3

Meu aniversário é dia 18, mas já comecei a me presentear. São várias ações amorosas – para comigo. Amanhã terei o primeiro de doze encontros com a minha roda de leitura de dez crianças. Elas escolherão, para lermos juntas, um livro entre A bolsa amarela, De olho nas penas, Diário de Kaxi e Pippi Meialonga. Estou inscrita na Corrida Reebok 10 km, prova que se define com o inusitado conceito "corrida-balada". Ah, se ela corre, eu corro. (Minha linda, a festa do fetiche, como você sugere em comentário – está um pouco em cima da hora para 2008. Que tal 2009? Ou que tal se o Chico organizasse como um dos eventos dele – e nós fôssemos como convidadas?) Participo de Vida Vício Virtude, ciclo de conferências com curadoria de Adauto Novaes. Já temos (eu, Lord Herbert e Tony Goes) os ingressos para o espetáculo do muito talentoso Rufus Wainwright.

Na muito linda Going to a town, Mr. Wainwright lamenta a America que faz guerra, e nos convida a fazer amor – no one goes to hell for having loved. He's got a soul to feed, America. Eu também. E Mr. Wainwright tem ajudado-me a alimentá-la desde que eu ouvi a sua voz na Tower Records da Union Square, em 2001, cantando sobre cigarettes and chocolate milk.


sexta-feira, 4 de abril de 2008

אהיה אשר אהיה

Sobre ações amorosas, 2

É claro que há um amor que se sente. E não me refiro apenas ao eros, ao amor romântico. Eu mesma já lhes mencionei uma experiência mística que tive em 2007, um sentir-me amada por um Deus pai, um abba, um papai. Ainda não estou preparada para compartilhar essa experiência aqui. Mas a quem me perguntar pessoalmente, eu conto.

Enfim. Depois da reflexão com o meu grupo de desenvolvimento pessoal no ISH, como comecei a contar em SANS LE CHOIX, JE NE SUIS RIEN, dei-me conta de que o amor de que fala A Liberdade é Azul, para o qual Paulo escolhe a palavra grega agape, traduzida para o latim como caritas – esse amor não é um sentimento. Ou, ao menos, não é um sentimento. Bento 16, na encíclica Deus Caritas Est, diz que "o sentimento pode ser uma maravilhosa centelha inicial, mas não é a totalidade do amor". Até porque "os sentimentos vão e vêm".

O que é, então, o amor de que fala A Liberdade é Azul? Para a Cynthia e o Scott Peck, é uma ação.

Mas essa ação é desencadeada por um sentimento amoroso? Não necessariamente. A mãe age com amor com o filho que ama – e mesmo quando, chorando a noite toda, ele lhe desperta irritação ou raiva. (Bom, nem toda mãe consegue, muito menos sempre.) A nossa protagonista age com amor com a mulher que desconhece – e que, imagino, desgoste. A irmã Helen Prejean (retratada em Dead Man Walking de Tim Robbins) age com amor com o homem que assassinara dois adolescentes brutalmente – um homem que, imagino, cause-lhe algum tipo de repulsa.

E eu? Eu procuro agir com amor com alguém que eu amo quando, ali e então, esse alguém me desperta irritação ou raiva. Mas, reconheço, isso requer um bocado da minha energia: Eu também tenho um cérebro reptiliano programado para agir em modo, como diz Lenine em Do it, “se tá puto, quebre; tá feliz, requebre”. Agir com amor com alguém que desgosto? Sim, quando essa é a minha escolha. E agir com amor com alguém que desgosto requer ainda mais da minha energia – e sequer me ocorre doar-lhe a minha herança.

Com alguém que me causa algum tipo de repulsa? Bom, interajo pontualmente com pessoas que me causam algum tipo de repulsa – mas nunca cheguei a me relacionar continuamente com elas. É uma experiência muito diferente daquela da minha amicíssima Cláudia A.: Ela trabalha, dentro de uma penitencíária, como advogada de mulheres carentes em cárcere. Estou envolvida nos esforços de cultura de paz liderados, em São Paulo, pela Palas Athena – e isso envolve a luta por cidadania e dignidade para todos, inclusive aqueles que cometeram crimes hediondos. É um amor em ação? Quero acreditar que sim. Mas o exerço sem interagir com aqueles que cometeram crimes hediondos. Seria diferente se eu interagisse com eles e, conjecturo, com ao menos um pouco das suas agressividades? Talvez. Seria diferente se entre as suas vítimas estivesse alguém que eu amasse? Talvez.

Digo talvez porque eu desejaria, numa situação-limite, seguir o exemplo virtuoso e libertador de Massataka e Keiko Ota: Eles escolheram perdoar (perdoar, o que é diferente de inocentar ou deixar impunes) os homens que seqüestraram e mataram seu filho Ives, de oito anos. E fundaram uma organização de cultura de paz que, entre outras coisas, trabalha pela recuperação de presos. Mas por vezes alguma coisa se perde entre o que eu desejo fazer e o que eu consigo fazer.

Há, ainda, mais uma pergunta: Essa ação amorosa que faço por alguém que não amo, e que não é desencadeada por um sentimento amoroso – essa ação se faz seguir de um sentimento amoroso? De acordo com A Liberdade é Azul, não necessariamente. Apesar de sua ação amorosa, até o final do filme vemos a nossa protagonista rodeada de uma certa malaise. O amor que ela escolheu não lhe deu um mundo brilhante, colorido e fácil – o mundo de que fala, por exemplo, o personagem apaixonado de Gene Kelly em Singin' in the Rain. O amor que ela escolheu também não se fez acompanhar de uma sensação de alegria, felicidade ou mesmo completude. Pelo menos não lá e então. Mas libertou-a (ou ajudou a libertá-la) da vingança e do ressentimento – e isso, como atesta Ota-san ("o ódio come a gente"), é muita coisa.

Quanto à minha própria experiência, não sei. Preciso prestar um pouco mais de atenção. Provavelmente eu sinta algo mais próximo do alívio ("mantive-me centrada") do que do amor. Algo que, imagino, a Joss Stone ou a Beyoncé devem ter sentido quando o Ashton Kutcher anunciou-lhes: "You just got punk'd!".

Mas essa ação amorosa, se eu a faço por alguém que não amo, se ela não é desencadeada por um sentimento amoroso, se ela não se faz seguir de um sentimento amoroso – o que cria essa ação amorosa? E por que, entre tantos adjetivos, qualificamos essa ação como amorosa?

A encíclica Deus Caritas Est ajuda-nos com a primeira dessas perguntas: Bento 16 diz que o amor pode ser criado pela vontade. Mas não nos ajuda com a segunda dessas perguntas: Bento 16 não diz o que o amor é. Talvez, imagino, porque na visão cristã de Deus, Deus é amor. E Deus, quando Moisés perguntou-lhe o seu nome, respondeu: אהיה אשר אהיה. Eu sou o que sou. O amor, logo, é o que é.

Enquanto eu apreendo o amor que é o que é, deixo-os com (what a surprise!) uma versão remixada de Gloria Gaynor interpretando I am what I am, de La Cage aux Folles. Por muito tempo esta blogueira acreditou que I am what I am fosse o nome não de Deus – mas dessa canção.

SANS LE CHOIX, JE NE SUIS RIEN

Sobre ações amorosas, 1

A lição de casa para o meu trabalho de desenvolvimento pessoal no ISH era identificar algo (uma poesia, uma música, um objeto, uma imagem) que representasse, para mim, o amor. Pensei em muita coisa. Decidi pelo filme que mais me inspirou: A Liberdade é Azul (Trois Couleurs: Bleu), de Krzysztof Kieslowski. Levei ontem ao grupo um post que escrevi sobre o filme em fevereiro de 2007, SANS L’AMOUR, JE NE SUIS RIEN.

Se você pretende assistir a esse filme, e quer preservar a sua surpresa, não leia o resto do post. (Caramba..! Esse é um cuidado que não tomei com os meus colegas no ISH.) Enfim. A protagonista, lindamente interpretada por Juliette Binoche, perde o marido perfeito e a filha num acidente de automóvel. Primeiro a vemos entregando-se à dor da perda através de um projeto de anti-vida, de desligamento de tudo e de todos. Em seguida a vemos tomando conhecimento de que o marido não era tão perfeito assim: Ele tinha uma amante que dele estava grávida.

E então nos perguntamos: Como é que a nossa protagonista vai lidar com tudo isso?

Se fosse uma história de Nelson Rodrigues, acho que assistiríamos a uma catarse. Ciente de que seu casamento de comercial de margarina fora uma farsa, nossa protagonista se entregaria a algum ritual libertador: Sexo com o melhor amigo do marido? Com o motorista do lotação?

Provavelmente Hollywood nos brindaria com um novo amor para a protagonista – a second chance, como se convencionou chamar. O cara bacana, sensível, bonitão e tudo o mais – um personagem que Aydan Quinn, e não Sean Penn, interpretaria.

Mas como é a trilogia de M Kieslowski, a nossa protagonista se encontra com a amante do marido para doar a ela, e ao bebê, tudo que havia herdado do marido. Ela escolhe o perdão à vingança e ao ressentimento.

E é essa a liberdade do título do filme, tanto no sentido de libertação do ressentimento (pois o ressentimento prende-nos a um passado doloroso), como no sentido de liberdade de escolha. Algumas vezes não temos controle sobre a situação em que nos encontramos – mas ainda assim temos a liberdade de escolher os pensamentos, os sentimentos e as ações com os quais reagiremos a essa situação.

Nossa protagonista fez uma escolha de amor. Uma das últimas cenas do filme a traz concluindo um concerto iniciado pelo marido, um maestro e compositor, com o trecho da carta de Paulo sobre amor: Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse amor, seria como um bronze que soa ou como um címbalo que tine.

terça-feira, 1 de abril de 2008

BON VOYAGE!

Soube há pouco que a Samanta, prima das minhas primas Soraya, Valéria e Juliana, e sobrinha dos meus tios Leonardo e Ivani, morreu.

No domingo estivemos, eu e os meus irmãos, no Sírio Libanês, onde a Samanta encontrava-se em coma induzida. Apesar da gravidade do quadro, eu acreditei que os 31 anos, a vitalidade e a inteligência da Samanta, o amor e a fé dos seus pais, parentes e amigos, a proficiência dos médicos do Sírio Libanês – que tudo isso operaria a sua cura.

A Samanta era espiritualista. Seus pais são espiritualistas. Muitos dos seus amigos são espiritualistas. Para os espiritualistas, a morte é um instante em um caminho infinito: Em algum momento ou lugar, todos os que se amam ou amaram se reencontram.

Até que se reencontrem, desejo aos que ficam a força e o desapego para lidar com a dor dessa separação. E à Samanta, uma boa viagem!