sexta-feira, 4 de abril de 2008

SANS LE CHOIX, JE NE SUIS RIEN

Sobre ações amorosas, 1

A lição de casa para o meu trabalho de desenvolvimento pessoal no ISH era identificar algo (uma poesia, uma música, um objeto, uma imagem) que representasse, para mim, o amor. Pensei em muita coisa. Decidi pelo filme que mais me inspirou: A Liberdade é Azul (Trois Couleurs: Bleu), de Krzysztof Kieslowski. Levei ontem ao grupo um post que escrevi sobre o filme em fevereiro de 2007, SANS L’AMOUR, JE NE SUIS RIEN.

Se você pretende assistir a esse filme, e quer preservar a sua surpresa, não leia o resto do post. (Caramba..! Esse é um cuidado que não tomei com os meus colegas no ISH.) Enfim. A protagonista, lindamente interpretada por Juliette Binoche, perde o marido perfeito e a filha num acidente de automóvel. Primeiro a vemos entregando-se à dor da perda através de um projeto de anti-vida, de desligamento de tudo e de todos. Em seguida a vemos tomando conhecimento de que o marido não era tão perfeito assim: Ele tinha uma amante que dele estava grávida.

E então nos perguntamos: Como é que a nossa protagonista vai lidar com tudo isso?

Se fosse uma história de Nelson Rodrigues, acho que assistiríamos a uma catarse. Ciente de que seu casamento de comercial de margarina fora uma farsa, nossa protagonista se entregaria a algum ritual libertador: Sexo com o melhor amigo do marido? Com o motorista do lotação?

Provavelmente Hollywood nos brindaria com um novo amor para a protagonista – a second chance, como se convencionou chamar. O cara bacana, sensível, bonitão e tudo o mais – um personagem que Aydan Quinn, e não Sean Penn, interpretaria.

Mas como é a trilogia de M Kieslowski, a nossa protagonista se encontra com a amante do marido para doar a ela, e ao bebê, tudo que havia herdado do marido. Ela escolhe o perdão à vingança e ao ressentimento.

E é essa a liberdade do título do filme, tanto no sentido de libertação do ressentimento (pois o ressentimento prende-nos a um passado doloroso), como no sentido de liberdade de escolha. Algumas vezes não temos controle sobre a situação em que nos encontramos – mas ainda assim temos a liberdade de escolher os pensamentos, os sentimentos e as ações com os quais reagiremos a essa situação.

Nossa protagonista fez uma escolha de amor. Uma das últimas cenas do filme a traz concluindo um concerto iniciado pelo marido, um maestro e compositor, com o trecho da carta de Paulo sobre amor: Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse amor, seria como um bronze que soa ou como um címbalo que tine.

2 comentários:

Avelino disse...

olá Lúcia!

Pra mim seria a imagem de meus pais, meu companheiro, meus cachorros e meu trabalho. Todos diferentes e iguais ao mesmo tempo!
bjs!
boa semana!

Alberto Pereira Jr. disse...

eu ainda não vi a trilogia das cores, mas está na minha listinha(ona)

;)