quarta-feira, 18 de junho de 2008

YESHUA BAR ABBA

Para mim, abba foi primeiro o grupo sueco pop, o de Dancing Queen e Knowing Me, Knowing You, depois um tipo de rima na poesia, onde o primeiro verso rima com o quarto, e o segundo com o terceiro, e só então – e muito recentemente – a palavra em aramaico para pai.

Por que falo sobre isso agora?

Porque alguns estudiosos argumentam que decorre daí, do desconhecimento das palavras em aramaico para “filho de” (bar) e pai (abba), decorre daí boa parte do anti-semitismo.

Explico.

Nos textos do Novo Testamento, que foram escritos originalmente em grego koiné, Jesus dirige-se a Deus como abba ou pai. Esse dirigir-se a Deus com intimidade contrariava a tradição judaica de dirigir-se a Deus com temor ou subserviência. E teria valido a Jesus também o nome Yeshua bar Abba: Jesus, o filho do Pai.

Portanto, quando Pilatos perguntou à multidão de judeus “qual dos dois vocês querem que eu solte?”, e eles responderam “Barrabás!” – quem eles realmente queriam soltar era bar Abba, nome que foi helenizado para Barrabás.

Será que é esta a verdade? Aqui eu responderia como Pilatos: Quid est veritas?

Para os cristãos, a verdade é que Jesus é o filho de Deus encarnado. Para os muçulmanos, que ele é um dos profetas mais amados por Alá. Para os judeus, que ele não é o Messias. Para alguns historiadores e arqueólogos, que Jesus foi um líder judeu entre tantos. Para outros, que ele é um personagem fictício da mitologia cristã.

Para mim, e agora me refiro a bar Abba e Barrabás, a verdade é que essa teoria dilui o anti-semitismo. E qualquer teoria que dilui o ódio, o medo, a aversão, a discriminação a grupos de pessoas, em decorrência de etnia, nacionalidade, gênero, espiritualidade, orientação sexual, idade, necessidades especiais – qualquer teoria dessas é a minha religião.

2 comentários:

Jackson Morais disse...

Eu tenho "síndrome de miragem" com você, rs. Mas aposto que seria capaz de lhe confessar todas minhas humanidades... Esse texto foi simples e bem... bem... "interessante" é simples p/ descrever (olha a síndrome...) mas é isso: adoro seus textos, quando mantém a qualidade e ainda por cima são simples, opa!
;-)

Anônimo disse...

Olá,

Apesar de interessante, a teoria não se sustenta.

O mais provável é que o nome de ambos fosse o mesmo, já que "Yeshua" era um nome largamente utilizado após o cativeiro babilônico.

Isso concorda com o questionamento: "Quem vocês querem que eu solte: [Yeshua] bar-Abbas ou Yeshua, que é chamado 'o Mashiach'?"

Quanto ao outro post, no período do segundo Templo hebraico e aramaico eram usados intercambiavelmente; aramaico no coloquial, e hebraico nos serviços religiosos. Assim, era conhecido tanto por "ben Yosef" como "bar Yosef".

Um abraço!