quarta-feira, 25 de junho de 2008

ISSO É COISA QUE SE TEXTE?

Minha mãe me pergunta, com entusiasmo, sobre o casaquinho com cachecol que eu comprei para o meu cachorro Clio. O casaquinho que eu comprei do porteiro, ela esclarece. E então comenta: "Um porteiro que vende roupa de cachorro – isso eu ainda não tinha visto!"

Não é nada disso. Eu comprei, isso sim, um casaquinho com cachecol para a filhinha do porteiro do prédio onde eu moro, que nasceu há cerca de um mês. A confusão deu-se porque eu textei (ai, meus ouvidos!) essa informação para a minha irmã Marília de forma – agora reconheço – ambígua. Era algo como “comprei p bb do porteiro ksaco c kxecol mto fofo”. E a minha irmã leu, imagino, que eu havia comprado “para o meu bebê, do porteiro, um casaco com cachecol muito fofo”.

Esse esclarecimento desperta um olhar isso-é-coisa-que-se-texte? na minha mãe. What a WOMBAT, ela deve estar pensando. Para a minha mãe, a referência mais próxima do que eu lhe descrevo talvez seja o telegrama – uma comunicação que se convencionou reservar para informações de importância ou urgência. Eu não mandaria um telegrama para contar algo assim – é cla-ro. Nem ao menos faria um telefonema.

Mas e textar? Bien sûr! É tão objetivo, discreto, rápido, simples, gostoso – que se convencionou fazer mesmo para informações sem qualquer importância ou urgência. Talvez eu o use tanto porque os meus dois polegares deslizam sobre o teclado com rapidez e precisão – uma habilidade que desenvolvi em duas décadas de uso da calculadora financeira HP 12c. GFF: Uma calculadora de método antiquado (notação polonesa inversa) e design anacrônico preparou-me para os novos desafios da sociedade da informação.

YKW? Texto melhor do que muito adolescente: Quando houver um campeonato de texting por aqui, a taça é minha!

5 comentários:

Emilia disse...

What a F&%#* is texting? algo como a "kpcidd" de teclar com menos letras???? E vale aqueles adolescentes que escrevem 'axim'
vale para msn e sms?
realmente me impressionou que haja um campeonato disso... mas nos EUA, o que é que não há?

Anônimo disse...

Oi, Lúcia!

Vc acha que essa palavra textar pegou por aqui? Eu acho que não. Felizmente. As pessoas falam mandar torpedo ou mandar sms. Pelo menos até outros aparelhinhos móveis (Blackberry etc.) se tornaram mais populares, essa palavra não pega.

Também os nossos celulares são mais compridos do que largos... não se vê no Brasil muita gente teclando com os dois polegares, como se faz na HP12C. Ah, é claro que o hábito de mandar mensagem de texto está muito forte no Brasil, mas talvez não muito entre os adultos.

Beijos

Lúcia BL disse...

Respostas:

salut, emília!

a resposta para a sua pergunta... está no comentário da cláudia! rs, sim, tem a ver com a kpacidd de se comunicar por texto, em tempo real, com mais conteúdo e menos caracteres.

os recursos para tanto, dizem os lingüistas, são: 1. homófonos: uso de palavras diferentes na grafia mas iguais na pronúncia: kxecol para cachecol, gr8 para great; 2. emoticons ;); e 3. acrônimos: uso de iniciais de palavras sucessivas de uma locução: NF para nota fiscal ou nem f*dendo, OMG para oh my god.

talvez estejamos diante de uma neo-estenografia... democratizada!

participei de um seminário da comunitas, há alguns anos, onde a professora ruth cardoso defendeu que o hábito e a tecnologia de disseminar mensagens de texto por aparelhos de comunicação móveis e portáteis (na maioria, hoje, celulares) estão mudando a maneira pela qual grupos organizam-se e mobilizam-se, inclusive politicamente. é ponto a ponto, sem hierarquia ou mecanismos institucionalizados de tomada de decisão. ela lembrou que esse recurso teve uma participação importantíssima no resultado das eleições espanholas de 2004, alguns dias após os ataques terroristas na estação de trem de madrid; e na mobilização de jovens muçulmanos nas manifestações violentas nos arredores de paris em 2005.

há um universo de artigos no google sobre isso. já marquei vários deles para estudar, inclusive esse: "Mobile Phones and Social Activism: Why Cell Phones May Be the Most Important Technical Innovation of the Decade".

enfim: texting é uma superferramenta que, como qualquer outra, pode ser usada para muitos fins... dos mais sagrados aos mais profanos, dos mais fúteis aos mais úteis... COUNT ME IN!

XOXO

olá, cláudia!

o verbo “to text” é um neologismo em inglês proveniente, é claro, do substantivo text, texto. segundo o o merriam-webster, "to text" é de 1998.

se textar está sendo usado em português?

vou perguntar ao too-tsie e ao gui, dois aficionados de gossip girl (o templo do texting) como “to text” está traduzido nas legendas. também não me lembro como foi traduzido em sex and the city, o filme... onde carrie "can't text".

YKW? textar está mais próximo de nós (texto vem do latim téxtus) do que marqueteiro ou startar - duas palavras bem feias que o português incorporou, ao menos no mundo corporativo.

XOXO

Alberto Pereira Jr. disse...

adooooro textar! meus dedos são meio grandes e desengonçados.. mas não me importo.. hehehe

Alexandre Lucas disse...

Arrasa! Eu passo quase o dia todo "textando", seja na caneta, no computador ou no celular =)