Ontem ouvi o cineasta Bruno Barreto declamar um trecho da poesia One Art, de Elizabeth Bishop. As primeiras estrofes da versão em português são assim:
"A arte de perder não é nenhum mistério;
tantas coisas contêm em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.”
Invadiu-me um quase déjà vu. Uma frase reconstruiu-se aos poucos na minha memória. “I broke something today, and I realized I should break something once a week... to remind me how fragile life is”. Era de Andy Warhol.
Invadiu-me então uma epifania, uma súbita sensação de realização: É possível transcender não só a partir de uma situação-limite, de uma provação – mas também a partir de experiências corriqueiras, do cotidiano! Agora, ao escrever, dou-me conta de que não foi de todo súbita essa sensação de realização – aqui mesmo eu já lhes havia confidenciado que "muitas vezes o sagrado se revela para mim na mais profana das experiências".
Mas invadiu-me, dessa vez sim, ao lado dessa sensação de realização, também uma esperança: Que maravilha transcender não a partir de uma situação-limite, de uma provação – mas a partir de experiências corriqueiras, do cotidiano!
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Um comentário:
A vida é frágil e corriqueira. Perdemos e ganhamos todos os dias, não necessariamente nesta ordem. A beleza do viver é prosseguir, já que superar requer tempo
beijão
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