sábado, 5 de julho de 2008

e-love 2

Certa vez li um artigo do Rubem Alves que dizia que relacionamentos são ou como tênis ou como frescobol. Esses são jogos muito parecidos: Em ambos há dois jogadores, duas raquetes, uma bola. Mas o barato do tênis é lançar a bola de modo que o outro não consiga devolvê-la: O bom jogador conhece o ponto fraco do outro, e é para lá que dirige a bola. E o barato do frescobol? É lançar a bola de modo que o outro consiga devolvê-la: Mesmo quando a bola vem meio torta, o jogador faz o maior esforço para devolvê-la no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Tênis é competitivo, frescobol é colaborativo. Ou, como diriam as minhas ameegas, tênis é carão, frescobol é carinho.

E os meus relacionamentos? Nenhum deles é 100% tênis ou 100% frescobol, pensei. Eles têm um pouco dos dois. Mas são mais como frescobol. Depois me dei conta que, na maior parte do tempo, quem ditava a regra dos meus jogos era o outro. Meu ponto de partida era frescobol – mas bastava eu receber uma bola atravessada para transformar-me numa tenista. E das vorazes.

Será que dá para estar assim no mundo – delegando tanto do meu humor, do meu estado de ânimo, da minha energia para o outro? Ah, não.

Então tomei uma decisão: O que o outro me dá é informação – eu escolho o humor, o estado de ânimo, a energia com que eu recebo e respondo a essa informação. Bom, não é fácil. Mas aos poucos estou conseguindo devolver no lugar certo, para que o outro possa pegá-la, essa bola que me vem meio torta. Acho que é um pouco o que Otis Redding chama de try a little tenderness.

Mas essa empatia, essa compaixão, essa ternura que eu lanço – será que é assim que chega ao outro?

Pois é: Nem sempre.

Teclando comigo, a Drica me diz que se sente num duelo de esgrima. Há, no que eu digo, uma certa sofisticação ou elaboração que não oferece conforto, que a deixa ansiosa, em guarda. Eu me desculpo, agradeço, digo que não é de propósito, não é consciente. Peço que ela me ajude – ela responde que sim, claro.

Grazie mille, principessa!

3 comentários:

Alberto Pereira Jr. disse...

eu percebi q sempre tomo as rédias.. quero frescobol

Gui Sillva disse...

Acho que só não podemos "jogar" sozinhos...

Anônimo disse...

lo que yo queria, gracias