quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

O MEU YESHUA BEN YOSEF

E tudo isso por que mesmo?

Tudo isso porque se Jesus nasceu em 25 de dezembro ou em qualquer outro dia, se é o filho de Deus encarnado, se é um dos profetas mais amados por Alá, se não é o Messias, se foi um líder judeu entre tantos, se é um personagem fictício da mitologia cristã – ah, e daí? Foi através de Jesus – do meu Jesus, ao menos – que escolhi a vida que quero ter: Um movimento contínuo de buscar, descobrir e perder, de nascer e morrer – um eterno renascer, reinventar, reimaginar.

Você pode estar pensando que para isso não é preciso Jesus ou qualquer espiritualidade: Bastam a curiosidade, o joie de vivre, a disposição. Sim - para as almas mais nobres. Ou você pode estar pensando que essa vida que quero ter está em todas as espiritualidades, filosofias, e mesmo na ciência. Sim, eu já postei sobre isso. Mas tantas das espiritualidades, filosofias – e certamente toda a ciência – estão amparadas naquilo que budistas, hindus e jainistas chamam de lei do carma, e que Newton chama de lei da ação e reação. Sim, posso e devo aprender com os meus erros e transformar um comportamento não saudável. Mas esse comportamento não saudável, enquanto durou, fez os seus estragos, machucou pessoas. E isso me deixou um legado de carma negativo. E só elimino carma negativo através de méritos ou de sofrimento.

Mas não para Jesus: Posso e devo aprender com os meus erros e transformar um comportamento não saudável. E esse comportamento não saudável, enquanto durou, fez os seus estragos, machucou pessoas. Mas isso não me deixou legado algum. O amor e o perdão de Jesus – que sou convidada a imitar com quem me machuca – revogam a lei do carma e a lei da ação e reação. Estou nova diante de você, do mundo, de mim mesma!

Esse é o meu Jesus, aquele para quem basta que eu me deixe transformar pelo amor e agir pelo amor – ainda que tantas vezes me falte o amor a quem me desagrada, a quem me entristece, a quem me faz mal; ainda que tantas vezes o caminho para perdoá-los seja longo.

Talvez esse não seja o Jesus de todo mundo, e certamente não é o Jesus que justifica cruzadas, inquisições, guerras, exclusões, extermínios – os de ontem e os de hoje. Mas esse é o meu Jesus. Não preciso justificá-lo pois não estou fundando uma religião. Estou apenas construindo o meu paraíso. Não um paraíso que gozarei depois da minha morte, ou quando Jesus voltar: Um paraíso aqui e agora. Um paraíso como aquele que é anunciado à Maddalena di Coigny em Andrea Chénier:

“Io sono il dio che sovra il mondo
scendo da l'empireo, fa della terra
un ciel! Ah!
Io son l'amore, io son l'amor, l'amor"

Acima está uma imagem do Jesus dos muçulmanos, sobre o qual pouco sei. Espero que a Libanesa – agora em persona Morena do Banheiro –, enfim, a Libanesa, na sua infindável generosidade e erudição, lance-nos uma luz.

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