sexta-feira, 24 de outubro de 2008

COSI È SE VI PARE

Meu amigo Alexandre Lucas, o divertidíssimo blogueiro do RH do Inferno, tem um alterego: Um talentosíssimo médico-psiquiatra. Imagino-o, numa tarde de domingo, a revelar-me como se relacionam psique, mente e cérebro. Imagino-o ajudando-me a entender como psique, mente e cérebro processam o mundo que os nossos sentidos percebem. Como processam, para continuar o tema do meu post RETRATO EM BRANCO E PRETO, as cores que os nossos olhos vêem.

Enquanto não tenho esse quality time, como ele gosta de dizer, com o Dr. Alexandre, quase tudo que eu sei do último tema vem da minha própria experiência – incluindo a exposição de Jackie O. E, desde ontem, de um estudo da Universidade de Giessen, na Alemanha. Os cientistas de Giessen concluíram que a associação entre banana e amarelo está tão fortemente registrada em nossos cérebros que, diante de uma fotografia em branco e preto de uma banana, não enxergamos o cinza que nossos olhos vêem – mas o amarelo que nossos cérebros querem enxergar. Enxergamos as cores não apenas como nossos olhos as vêem – mas também como nossos cérebros acreditam que devam ser.

E quando a associação entre coisas e cores ainda não está registrada? Que cores têm as coisas que nos são apresentadas em branco e preto? No exemplo de Jackie O., mulheres e modistas enxergaram não os tons vibrantes de tantos dos seus modelitos – mas tons sóbrios ou pastéis que, intuo, acreditavam ser mais adequadas a uma primeira-dama americana nos anos 60.

E para mim? Que cores têm as coisas que me são apresentadas em branco e preto?

Passei os últimos minutos transportando-me para alguns registros em branco e preto que me são especialmente caros. Vi-me sobrevoando Tóquio ao lado do National Kid. Pedindo para Sam tocar As Time Goes By. Beijando Benicio del Toro no comercial de Obsession. Beijando um marinheiro para comemorar o fim da guerra. Tomando um banho de espuma na festa dos Pet Shop Boys.

E não é que, reconsiderando um pouco o que afirmei no meu post RETRATO EM BRANCO E PRETO, que "certamente todo mundo já enxergou, [nos] infinitos matizes de cinza, infinitas cores", não é que vi tudo em branco e preto? Até a mim mesma, eu me vi em branco e preto.

E você? Tenta esse exercício e depois me conta como foi.