terça-feira, 15 de julho de 2008

EU SINTO MUITO, EU AMO VOCÊ! 4

Trair a minha confiança é uma coisa. Outra, e bem mais perversa, é fazê-lo na semana em que – como você sabia – a minha família lembra um ano da morte dos meus sobrinhos Rafaella e Caio no acidente da TAM. What a sense of timing! Que compaixão! Que sensibilidade! Você é assim – uma superpessoa!

Espera: Tô ouvindo alguma coisa. Ei, é uma mensagem do universo pra você: "Ardil atrai ardil, crueldade atrai crueldade – você colhe o que você planta!" Olha, os Beatles também estão aqui pedindo para avisá-lo que "in the end, the love you take is equal to the love you make".

Divindade, se sou eu que crio a minha realidade, que parte de mim criou essa situação? Porque meu trabalho de criação não resulta na realidade que quero? Me ajuda? Por favor limpe em mim o que está contribuindo para esse problema.

Eu sinto muito.
Por favor me perdoe.
Eu amo você.
Muito obrigada.

domingo, 13 de julho de 2008

EU SINTO MUITO, EU AMO VOCÊ! 3

Há uns poucos meses aprendi mais algumas lições sobre o ho’oponopono. Compartilho aqui quatro delas. (Se você não acredita em nada disso, ao menos divirta-se imaginando a sua trilha sonora para essa série de posts. Que tal Twilight Zone? A minha trilha sonora, essa eu já escolhi.)

Uno. Posso usar o ho’oponopono não só quando eu vejo um problema, uma doença no outro – mas sobretudo quando eu vejo um problema, uma doença em mim. Para usar a metáfora do post e-love-2, posso usar o ho’oponopono quando eu me dou conta que passei, nos meus relacionamentos, a jogar tênis. Ou, pior, esconde-esconde e queimada. Ouch!

Dos. O ho’oponopono requer que eu assuma completa responsabilidade pelo problema, pela doença. Se eu o vejo em mim ou no outro ou no mundo, não importa: Eu criei esse problema, essa doença. Aliás, eu não criei apenas esse problema, essa doença: Eu criei toda a minha realidade, eu criei toda a realidade do meu mundo.

Tres. Responsabilidade é uma coisa. Outra coisa, e muito diferente, é culpa. Talvez sentir culpa consista em carregar algum fardo, a executar algum auto-flagelo. Assumir responsabilidade é conscientizar-me de que eu poderia ter feito melhor – e em seguida fazer esse melhor: Pedir desculpas, reparar o dano que eu causei, transformar os meus comportamentos.

Catorce. Não dá para fazer tudo isso sozinha, não é? Um lado meu (a Vítima?) logo trataria, como as crianças na minha roda de leitura, de me defender: Foi ela que começou! Um outro lado meu (a Superior?) decretaria: You know what? I am what I am. F@*k you! Um outro ainda (a Louca?) decidiria – oops, paro por aqui. Mas vocês entenderam: Não dá para fazer tudo isso sozinha. Então peço ajuda à força divina. Assim:

Divindade, limpe em mim o que está contribuindo para esse problema.

Eu sinto muito.
Por favor me perdoe.
Eu amo você.
Muito obrigada.

A minha trilha sonora para essa série de posts? É a maravilhosa At the Hop, do delicioso Devendra Banhart. Não tem nada a ver com ho’oponopono, eu sei. Mas Devendra recolocou o xamanismo no mundo pop. Jallalla!

EU SINTO MUITO, EU AMO VOCÊ! 2

Postado originariamente em 13/2/2007, EU SINTO MUITO, EU AMO VOCÊ! 2

Na estrada perigosamente molhada que liga Brasília a Luziânia, um Gol Turbo preto ultrapassa-nos em alta velocidade. Cinco, dez quilômetros à frente vemos uma motociclista, macacão de nylon e capacete, caída no chão, algumas peças ao seu redor. Ela se levanta com dificuldade e apressa-se para o canteiro que divide a estrada. Um pouco adiante, no acostamento, vemos estacionado o Gol Turbo preto. O motorista salta do carro, atravessa a pista em direção à motociclista, mesmo se lança, se projeta em sua direção, nenhuma atenção no fluxo de carros e caminhões. Ele encontra a motociclista no canteiro, olha-a nos olhos, e logo a abraça.

“Eu sinto muito, eu amo você!”, eu e o Thomas o imaginamos dizendo.

sábado, 12 de julho de 2008

EU SINTO MUITO, EU AMO VOCÊ!

Postado originariamente em 13/2/2007, EU SINTO MUITO, EU AMO VOCÊ!

No ISH lemos um texto sobre uma prática de cura do xamanismo havaiano, ho’oponopono. Essa prática nos lembra que o outro não é o outro: O outro só existe como reflexo, como projeção de mim mesma, só está no meu universo para me ensinar algo sobre mim mesma.

Se eu vejo no outro um problema, uma doença – Lúcia don’t preach! Devo antes encontrar esse problema, essa doença em mim, e curar a mim mesma! Curando a mim mesma eu curo o outro, eu curo o meu mundo, eu curo o mundo.

O amor, diz o ho’oponopono, é a melhor forma de cura. Basta que eu invoque o espírito do amor, sem pensar em algo ou alguém em particular, para que o amor cure dentro de mim o problema ou a doença que vejo no outro. Basta que eu repita e repita “eu sinto muito, eu amo você!”.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

O SEU OLHAR AINDA MELHORA O MEU

Postado originariamente em 9/7/2007, O SEU OLHAR MELHORA O MEU. Desde então muita coisa aconteceu na minha vida – mas não conheci ninguém com uma narrativa como a da Ludeju. Feliz aniversário!

“Jallalla!” Quando ela começa a falar com aquela voz grave e linda, a Ludeju tem toda a minha atenção, os meus sentidos, a minha emoção. Ela não vai reportar uma idéia, uma sensação, um sentimento – enfim, ela não vai apresentar-me (apresentar-nos) algo pronto como ela o percebe, sente, vivencia. Não. Como é que eu explico? É como se a Ludeju fosse tecer, fabricar, compor essa idéia, essa sensação, esse sentimento comigo – palavra por palavra, gesto por gesto, olhar por olhar.

Mal começo a dar forma às suas palavras, seus gestos, seus olhares – e a Ludeju salta para uma segunda idéia, sensação ou sentimento. Sem que eu perceba a conexão entre eles, ou intua aonde a Ludeju quer chegar. Por alguns instantes perco-me na profusão, na exuberância dessas palavras, gestos, olhares, pausas, entonações, posturas. Tudo isso para que mesmo? Para onde estamos indo? E então a Ludeju salta para uma terceira idéia. E outra, e outra.

E chega o momento em que essas idéias para mim incompletas e até então estanques começam a dialogar, a se cruzar, a se entrelaçar. E como camadas numa tela de Beatriz Milhazes, ou como núcleos de personagens num filme de Robert Altman ou Alejandro González Iñárritu, essas idéias inicialmente estanques encaixam-se, combinam-se, completam-se... para compor algo surpreendente, revelador!

Será que me fiz entender? E se eu tentasse de outro modo? O que a Ludeju não faz – apresentar algo pronto como ela o percebe, sente, vivencia –, isso eu disse bem. Mas o que ela faz, então? Ela cria uma conexão? Sim, mas isso é amplo demais. E se eu disser que ela me transporta ao seu mundo interno? Assim começou melhor. E lá, eu no seu mundo interno – ou ela no meu mundo interno, vai saber –, lá a Ludeju faz com que eu pense com ela uma idéia, tenha com ela uma sensação, sinta com ela um sentimento. E quando ela anuncia – jallalla! – que disse o que tinha a dizer, não é mais a idéia da Ludeju, a sensação da Ludeju, o sentimento da Ludeju. Essa idéia, essa sensação, esse sentimento... agora são meus também! E com eles meu horizonte se ampliou, meu coração abriu, meu olhar melhorou.

Ficou ainda mais confuso? Barroco? Sei que não me explico bem. Talvez haja um vocabulário, no alemão ou no grego, ou entre os neologismos de Jacques Derrida, Naom Chomsky ou Martin Heidegger, um vocabulário que expresse esse pensar-com, esse ter-a-sensação-com, esse sentir-com. Ou talvez isso seja algo do qual não se fale – seja algo que apenas se sinta. Talvez o Arnaldo Antunes tenha chegado próximo ao cantar um olhar-com... um olhar que ora é seu, ora é meu.

Taí: Se a minha vida tivesse uma trilha sonora, cada vez que a Ludeju aparecesse nós ouviríamos Arnaldo Antunes e Zaba Moreau cantando O Seu Olhar.

sábado, 5 de julho de 2008

e-love 2

Certa vez li um artigo do Rubem Alves que dizia que relacionamentos são ou como tênis ou como frescobol. Esses são jogos muito parecidos: Em ambos há dois jogadores, duas raquetes, uma bola. Mas o barato do tênis é lançar a bola de modo que o outro não consiga devolvê-la: O bom jogador conhece o ponto fraco do outro, e é para lá que dirige a bola. E o barato do frescobol? É lançar a bola de modo que o outro consiga devolvê-la: Mesmo quando a bola vem meio torta, o jogador faz o maior esforço para devolvê-la no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Tênis é competitivo, frescobol é colaborativo. Ou, como diriam as minhas ameegas, tênis é carão, frescobol é carinho.

E os meus relacionamentos? Nenhum deles é 100% tênis ou 100% frescobol, pensei. Eles têm um pouco dos dois. Mas são mais como frescobol. Depois me dei conta que, na maior parte do tempo, quem ditava a regra dos meus jogos era o outro. Meu ponto de partida era frescobol – mas bastava eu receber uma bola atravessada para transformar-me numa tenista. E das vorazes.

Será que dá para estar assim no mundo – delegando tanto do meu humor, do meu estado de ânimo, da minha energia para o outro? Ah, não.

Então tomei uma decisão: O que o outro me dá é informação – eu escolho o humor, o estado de ânimo, a energia com que eu recebo e respondo a essa informação. Bom, não é fácil. Mas aos poucos estou conseguindo devolver no lugar certo, para que o outro possa pegá-la, essa bola que me vem meio torta. Acho que é um pouco o que Otis Redding chama de try a little tenderness.

Mas essa empatia, essa compaixão, essa ternura que eu lanço – será que é assim que chega ao outro?

Pois é: Nem sempre.

Teclando comigo, a Drica me diz que se sente num duelo de esgrima. Há, no que eu digo, uma certa sofisticação ou elaboração que não oferece conforto, que a deixa ansiosa, em guarda. Eu me desculpo, agradeço, digo que não é de propósito, não é consciente. Peço que ela me ajude – ela responde que sim, claro.

Grazie mille, principessa!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

e-love

Que coisa linda, que coisa boa começar o dia hoje com essa mensagem de texto no meu celular: “Buon giorno, principessa! Que o seu dia seja iluminado! Keep running, keep texting, keep shining. Do seu leitor.”

Grazie mille, ragazzo mio.