sábado, 28 de junho de 2008

VELOCIDADE ESTONTEANTE

Pensei em qualificar a velocidade com que as coisas acontecem na minha vida de estonteante – mas daí que adjetivo restaria para qualificar a velocidade com que as coisas acontecem na vida da Mallu Magalhães? Desde que postei sobre ela, em fevereiro deste ano, a Mallu foi do mundo alternativo do MySpace para o mundo mainstream da publicidade. Creio que agora tout le monde et son père conheça a paulistana fofa de quinze anos – que compôs e interpretou esse papapapa-pá delicioso do comercial da Vivo.

Kátia, o nome da canção é J1 – será que você e a Ana são co-autoras?

sexta-feira, 27 de junho de 2008

SENDO FELIZ

Desfile do Lino Villaventura no SPFW verão 2009.

O segurança deixa que eu e três meninas, elas de credencial de imprensa, entremos na sala quando as luzes já se apagaram e a música já toca. Ficamos ao lado do pit dos fotógrafos, em pé – atrás de tantas outras pessoas em pé.

Uma das três meninas desabafa: “Ah, não dá pra ser feliz. Não vejo nada.” Outra responde: “Sério? Eu tô sendo muito feliz.” Eu sorrio. Elas percebem que presto atenção na conversa. Uma delas me diz: “Você tá sendo feliz.” Sim, do alto dos meus 1,81 metro de altura (en tacones), tenho uma boa visão do espetáculo de cores e formas geométricas do Lino.

À minha frente, um homem muito alto faz anotações concisas, rápidas e (imagino) precisas num bloquinho de papel. Ele tem altura, postura, estilo para estar na passarela. Aproximo-me para sentir o seu grau de felicidade. E então o reconheço: É o Alberto, de Zapping News, cobrindo o evento para o Agora São Paulo.

Se o jornalismo não der certo, Alberto, vá ser modelo!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

ISSO É COISA QUE SE TEXTE?

Minha mãe me pergunta, com entusiasmo, sobre o casaquinho com cachecol que eu comprei para o meu cachorro Clio. O casaquinho que eu comprei do porteiro, ela esclarece. E então comenta: "Um porteiro que vende roupa de cachorro – isso eu ainda não tinha visto!"

Não é nada disso. Eu comprei, isso sim, um casaquinho com cachecol para a filhinha do porteiro do prédio onde eu moro, que nasceu há cerca de um mês. A confusão deu-se porque eu textei (ai, meus ouvidos!) essa informação para a minha irmã Marília de forma – agora reconheço – ambígua. Era algo como “comprei p bb do porteiro ksaco c kxecol mto fofo”. E a minha irmã leu, imagino, que eu havia comprado “para o meu bebê, do porteiro, um casaco com cachecol muito fofo”.

Esse esclarecimento desperta um olhar isso-é-coisa-que-se-texte? na minha mãe. What a WOMBAT, ela deve estar pensando. Para a minha mãe, a referência mais próxima do que eu lhe descrevo talvez seja o telegrama – uma comunicação que se convencionou reservar para informações de importância ou urgência. Eu não mandaria um telegrama para contar algo assim – é cla-ro. Nem ao menos faria um telefonema.

Mas e textar? Bien sûr! É tão objetivo, discreto, rápido, simples, gostoso – que se convencionou fazer mesmo para informações sem qualquer importância ou urgência. Talvez eu o use tanto porque os meus dois polegares deslizam sobre o teclado com rapidez e precisão – uma habilidade que desenvolvi em duas décadas de uso da calculadora financeira HP 12c. GFF: Uma calculadora de método antiquado (notação polonesa inversa) e design anacrônico preparou-me para os novos desafios da sociedade da informação.

YKW? Texto melhor do que muito adolescente: Quando houver um campeonato de texting por aqui, a taça é minha!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

QUAL É A PARADA?

Quarta-feira, véspera de Corpus Christi, uns poucos dias antes da Parada Gay. Falo ao telefone com a veterinária da clínica onde o meu cachorrinho Clio treina agility: Ele teve uma parada cardíaca, ela o ressuscitou. Mas ele ainda corre risco de vida e precisa fazer, nas próximas horas, um eletrocardiograma, um ecocardiograma e um raio-X torácico.

Como é que é isso?

Como é que uma mesma palavra serve para nomear idéias tão opostas quanto parada cardíaca e Parada Gay? Para nomear a interrupção, a paralisação, a suspensão do funcionamento do coração – aquilo que, até os anos 70, era o próprio critério de morte, uma sentença de Thanatos. Mas, também, para nomear a mobilização, a participação, a celebração de um estilo de vida, de uma festa de Eros – aquilo que é o maior show da Terra, o mais magnífico, o maior e o mais grandioso espetáculo processional do mundo. Oops, essa é a street parade do circo Barnum & Bailey. Mas vocês me entendem.

O substantivo parada, no sentido de desfile ou marcha – e os seus correspondentes nas outras línguas românicas, parada (espanhol), parata (italiano), parade (francês), paradă (romeno) – vem do latim parere – de preparar, aparar, parir, esforçar-se para obter. E o verbo em português parar, no sentido de cessar – do qual parado/parada é o particípo? Vem, OMG, do mesmo latim parare – de preparar, aparar, parir, esforçar-se para obter. Segundo o Houaiss, o verbo parar só ganhou o sentido de cessar ou interromper no séc XIV. Até então, tinha o sentido de fazer, mobilizar, apresentar. Talvez daí venha parada, o desfile: Uma apresentação. Mas que o verbo parar tenha evoluído para significar o seu oposto, isso não me ajuda a eliminar o paradoxo entre os sentidos contidos em parada – apenas o confirma.

E a etimologia da palavra em inglês parade? Pois o nome Parada de Orgulho Gay é a, er, tropicalização de Gay Pride Parade – parade é uma palavra comum para desfile informal, não-militar, como em carnival parade ou Christmas parade. Bem, a palavra em inglês parede também vem do latim parere – através do moyen français parer. Isso também não me ajuda.

Fazer o que? Como dizia o meu orientador Celso Lafer na época de mestrado, talvez esse seja mais um paradoxo, contradição ou ambigüidade com o qual eu tenha que saber lidar.


QUAL É A PARADA? 2

E foi tirar esse enigma da minha cabeça para receber a sua solução. Talvez não a solução consensual e erudita, mas a solução que me faz sentido – e que mais uma vez me chega assim cantarolada, em versos do Chico Buarque:

O homem sério que contava dinheiro – parou
O faroleiro que contava vantagem – parou
A namorada que contava as estrelas – parou
Para ver, ouvir e dar passagem

Pra ver a banda passar, cantando coisas de amor

Voilà. Quem está parada é a Avenida Paulista – para ver, ouvir e dar passagem à maior mobilização da Terra!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

MON JAPON

Para Douglas Mendez, que adoraria ter-me como amiga – eu também adoraria tê-lo como amigo!

O generoso comentário do Douglas Mendez no meu post O MEU JAPÃO chegou-me um pouco como a pequena madeleine que Marcel Proust mergulha no chá, e então saboreia.

“Invadiu-me um prazer delicioso, isolado, sem noção de sua causa”, que me levou de volta ao passado – melhor, trouxe-o para o presente: Estou de pé em frente a uma tela que retrata um homem de barba, que veste kimono, sentado no tatami em seiza ou em lótus e, a seu lado, um homem de barba, que veste calça e paletó, sentado numa cadeira. Nos meus ouvidos, tenho fones de um aparelho de audioguia. O audio transcreve uma carta que o pintor, francês, escrevera: “Mon Japon!”, ele suspira a certa hora.

O meu Japão, agora me dou conta, não é algo que eu criei ontem para expressar a minha experiência: É uma experiência de japonisme que eu ouvi num audioguia. Googlei algumas palavras e eis a tela: “Paul Alexis Lendo um Manuscrito a Zola”, de Paul Cézanne. Ocorre que a tela é parte do acervo do Masp, onde jamais fiz um tour audioguiado. Aliás, não acredito que o Masp ofereça esse serviço.

Será que eu estou criando agora esse passado? Será que eu combinei a minha experiência frente a “Paul Alexis Lendo um Manuscrito a Zola” no Masp com uma outra, como aquela frente a “Retrato de Émile Zola”, de Édouard Manet no Musée d'Orsay? Sim, pois no Musée d’Orsay fiz tours audioguiados.

Não sei. Mas é-me muito libertador, BHY, saber que, ao contrário do que argumentei em fevereiro deste ano, posso não apenas atribuir um novo significado a uma experiência do passado: Posso também mudar o meu passado.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

O MEU JAPÃO

Para três nipo-brasileiros novos ao meu mundo: Shoichi Iwashita, Too-tsie e Edson Matsuo

Certa vez li a Natalie Merchant reconhecer que era difícil continuar a ouvir algumas canções de grande sucesso do 10,000 Maniacs – canções cujas letras ela escrevera aos 17, 18 anos. Vi a Alanis Morissette falar algo semelhante sobre Jagged Little Pill, o álbum que vendeu 30 milhões de cópias – e que ela lançou aos 21 anos.

Para mim, é-me um pouco difícil até mesmo ler posts do Religare! que escrevi em fevereiro do ano passado – ou alguns que escrevi em fevereiro deste ano. Passam-se algumas poucas semanas, BHY – e agora eu já ouviria, veria e diria de forma diferente, pelo menos um pouquinho. A minha verdade já mudou, pelo menos um pouquinho – e aqui me vejo diante de uma dimensão interna do “quid est veritas?” de Pilatos.

E ler uma monografia que escrevi há 22 anos? É um desafio e tanto, BHY. Compartilhá-la com vocês? Humph. Ainda assim, resolvi disponibilizar essa monografia online.

Explico.

Em 1986 venci, com essa monografia, um concurso da Japan Airlines. Como prêmio passei, ao lado de outros 50 vencedores, de quinze países – acho que era isso –, passei dois incríveis meses vivendo no dormitório da JAL em Chiba, e estudando na Universidade de Sophia em Tóquio.

Na monografia, falo da imagem dos japoneses no Brasil – que se construiu, em muito, com a chegada do navio Kasato Maru a Santos em 18 de junho de 1908 – há cem anos! Mas, agora me dou conta, na monografia falo mesmo é do meu Japão. Depois eu elaboro um pouco.

Por ora, ao Japão de cada brasileiro, e ao japonês em cada brasileiro: Banzai!

YESHUA BAR ABBA

Para mim, abba foi primeiro o grupo sueco pop, o de Dancing Queen e Knowing Me, Knowing You, depois um tipo de rima na poesia, onde o primeiro verso rima com o quarto, e o segundo com o terceiro, e só então – e muito recentemente – a palavra em aramaico para pai.

Por que falo sobre isso agora?

Porque alguns estudiosos argumentam que decorre daí, do desconhecimento das palavras em aramaico para “filho de” (bar) e pai (abba), decorre daí boa parte do anti-semitismo.

Explico.

Nos textos do Novo Testamento, que foram escritos originalmente em grego koiné, Jesus dirige-se a Deus como abba ou pai. Esse dirigir-se a Deus com intimidade contrariava a tradição judaica de dirigir-se a Deus com temor ou subserviência. E teria valido a Jesus também o nome Yeshua bar Abba: Jesus, o filho do Pai.

Portanto, quando Pilatos perguntou à multidão de judeus “qual dos dois vocês querem que eu solte?”, e eles responderam “Barrabás!” – quem eles realmente queriam soltar era bar Abba, nome que foi helenizado para Barrabás.

Será que é esta a verdade? Aqui eu responderia como Pilatos: Quid est veritas?

Para os cristãos, a verdade é que Jesus é o filho de Deus encarnado. Para os muçulmanos, que ele é um dos profetas mais amados por Alá. Para os judeus, que ele não é o Messias. Para alguns historiadores e arqueólogos, que Jesus foi um líder judeu entre tantos. Para outros, que ele é um personagem fictício da mitologia cristã.

Para mim, e agora me refiro a bar Abba e Barrabás, a verdade é que essa teoria dilui o anti-semitismo. E qualquer teoria que dilui o ódio, o medo, a aversão, a discriminação a grupos de pessoas, em decorrência de etnia, nacionalidade, gênero, espiritualidade, orientação sexual, idade, necessidades especiais – qualquer teoria dessas é a minha religião.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

ERRAMOS: YESHUA BAR YOSEF

Faça você mesmo: Entre no Google, digite Yeshua ben Yosef, e clique em Pesquisa Google. O Google buscará e encontrará 7.720 páginas da internet com o texto Yeshua ben Yosef, e listará os resultados por ordem de relevância. Este blog estará entre as três primeiras páginas de web encontradas.

E é assim, informa-me o contador do Religare!, Site Meter, que muitos vêm aqui: Em busca de Yeshua ben Yosef.

Como é que é isso? Será que o que este blog diz sobre Yeshua ben Yosef, que eu sugeri ser o nome verdadeiro de Jesus de Nazaré, é mesmo tão relevante? É mais provável, agora me parece, que Yeshua ben Yosef não seja o nome verdadeiro de Jesus de Nazaré.

Explico.

Jesus é a helenização de um nome em hebraico – um nome que se acredita ser ישוע .ישוע pode ser transliterado para o inglês (e para línguas românicas, imagino) como Yeshua, Yeshu ou Yehoshua – a forma preferida por estudiosos é Yeshua.

Na época do nascimento de Jesus, os judeus não usavam sobrenome: As pessoas (ao menos os homens) eram chamadas de Fulano, filho de Beltrano. Em hebraico, “filho de” é ben. Mas na época do nascimento de Jesus, o aramaico havia substituído o hebraico como língua falada. Em aramaico, “filho de” é bar. Portanto, um melhor nome verdadeiro para Jesus de Nazaré – Jesus, filho de José – é Yeshua bar Yosef.

É pouco provável que este blog tenha boa colocação numa busca Google por Yeshua bar Yosef: Yeshua bar Yosef é o nome inscrito em um ossuário de pedra calcária de cerca de dois mil anos, encontrado recentemente em Israel. Segundo documentário co-produzido por James “Titanic” Cameron e Simcha Jacobovici, e exibido milhares de vezes pelo Discovery Channel, esse ossuário guarda os restos mortais de Jesus de Nazaré – tese que, se comprovada, derrubaria a teologia da ressurreição do Filho do Homem.

domingo, 15 de junho de 2008

ET VOILÀ TON JARDIN!

Veja, Kátia. Não fui acometida por uma crise de preguiça, por bloqueios generalizados, como me ocorreu no ano passado, ou mesmo por writer’s block. Se eu falasse aqui da vida alheia, imagino que sempre sairia como o som de Tim Maia, sem grilos de mim. Mas como falo da minha própria, e de coisas densas da minha própria, por vezes esbarro – não sempre numa crise de preguiça, em bloqueios generalizados ou mesmo em writer’s block. Por vezes esbarro – melhor, perco-me no universo de possibilidades de como narrar uma experiência.

Sim, porque os meus queridos leitores não vêm aqui em busca de novidade, de informação. Os meus queridos leitores já sabem que esta blogueira, embora nascida sob o signo de Áries, não quer chegar antes. Os meus queridos leitores já sabem que esta blogueira, embora nascida no ano do Coelho, não tem pressa, muita pressa. Os meus queridos leitores vêm aqui em busca de experiência. Da minha experiência onde, vai saber como, os meus queridos leitores enxergam as suas próprias.

E são muitas, e muito ricas, as experiências das últimas semanas. Estou utilizando as novas descobertas da neurociência para tornar mais doce, divertida a aprendizagem das crianças na minha roda de leitura. Aperfeiçoei algumas das minhas técnicas gastronômicas – como a de caramelização do aceto balsâmico. Apresentei aos magos do engenho & arte na Melissa-Grendene, com sucesso, certos, er, conceitos de experiência sensorial no pós-venda. Estou ajudando a administração do condomínio onde vivo a limpar o seu entulho autoritário. Estou explorando (as dores) e a delícia de trabalhar com comunicação social. Passei pela dor, às vésperas da Parada Gay, de lidar com a parada cardíaca do meu cachorrinho Clio. Estou, como diria Max Weber, buscando comprovação de que sou parte do povo eleito – entre outras coisas, participo do concurso de contos do Estadão. O meu grupo de desenvolvimento pessoal no ISH, após proposta de dissolução, avança um bocado na direção de entender, trabalhar e melhorar o intento. Salvei a fase UOL do Religare! de um inexplicável desparecimento virtual.

É. Este blog está fora do Chronos da novidade, da informação: Este blog está no Kairos da experiência. Mas nem todo mundo vêm aqui em busca de experiência. Muitos vêm aqui em busca de Yeshua ben Yosef – que, como sugiro em YESHUA BEN YOSEF, é o nome verdadeiro de Jesus de Nazaré. Sobre isso falo em seguida.